O estudo urodinâmico é um exame que simula o funcionamento do trato urinário baixo (bexiga e uretra).
É composto por 3 fases distintas:
1. Urofluxometria inicial – avalia-se a micção da paciente, com a bexiga confortavelmente cheia, sem intervenção do examinador. Forma-se uma curva de fluxo de urina (mililitros por segundo) que já demonstra uma micção mais perto do normal da paciente.
2. Cistometria – avalia-se como a bexiga se comporta durante sua fase de enchimento. A bexiga durante essa fase deve conseguir receber volumes entre 150 a 500ml sob baixas pressões e sem desejo miccional relatada pela paciente. Quando há aumento da pressão dentro da bexiga associado ao desejo miccional imperioso da paciente, configura-se uma hiperatividade detrusora (contração fora de hora da bexiga) que pode causar ou não a perda de urina (incontinência).
É nessa fase também onde se realizam testes para identificar e quantificar a incontinência urinária de esforço.
3. Estudo Fluxo/Pressão – avalia-se como a bexiga se comporta na sua fase de esvaziamento.
Quando a bexiga está cheia com o soro infundido e a paciente relatar desejo de urinar de confortável a significativo, damos fim a fase enchimento e passamos para a fase de esvaziamento (Estudo Fluxo/Pressão).
Nessa fase, a paciente irá urinar com as sondas onde as pressões dentro da bexiga e barriga estão sendo aferidas e podemos avaliar se há uma obstrução, baixa contração da bexiga que dificulta a saída da urina e outros detalhes importantes sobre a saída do xixi de dentro da bexiga e uretra.
Quando deve-se realizar o estudo urodinâmico?
Os problemas urinários podem afetar homens e mulheres de qualquer idade. Normalmente os homens sentem mais dificuldade de urinar com a idade devido ao crescimento benigno da próstata e as mulheres costumam ter incontinência urinária que costuma acontecer por volta dos 40 anos.
O exame deve ser realizado quando estamos tentando entender melhor os sintomas do trato urinário que estão incomodando nossa paciente, como nos casos:
• Falha nos tratamentos de primeira e segunda linha da incontinência urinária de urgência;
• Falha no tratamento inicial da incontinência urinária de esforço;
• Quando existem outras patologias neurológicas (como a Diabetes Melitus);
• Quando já foram realizadas cirurgias uroginecológicas, principalmente para o tratamento da incontinência urinária de esforço;
O objetivo do estudo urodinâmico é guiar um tratamento mais assertivo dem acordo com seus resultados.
Há algum risco em realizar o estudo urodinâmico?
O principal risco é de desenvolver uma infecção do trato urinário mesmo tomando todas as medidas para evitar. É normal que a pessoa sinta um desconforto nas primeiras micções após o estudo devido a manipulação da uretra, mas esse incômo tende a melhorar nas primeiras 24h e sempre oriento beber bastante líquido.
Mas caso necessário, algumas vezes já prescrevo uma medicação profilática e em algumas mulheres que o exame de urina sempre se apresenta com bactérias, eu costumo realizar em uso de antibióticos para evitar que essa bactéria suba para o rim e cause sintomas mais graves e/ou confunda os resultados do estudo urodinâmico.
É necessário algum preparo?
A bexiga deverá estar confortavelmente cheia. Portanto, se possível, a paciente não deverá urinar durante uma hora antes da realização do exame e beber 4 copos de água antes de chegar para realizar o exame.
Caso a paciente tenha queixas de Urgeincontinência, a mesmo deve chegar na clínica 30 minutos antes e realizar o enchimento vesical com ingestão de 4 copos de água com calma.
Como é o exame e qual sua duração?
O procedimento dura entre 30 minutos a 1 hora, dependendo de cada caso.
Não há necessidade de fazer jejum ou dieta especial. Também não é doloroso, logo só utilizamos anestésico local para a passagem das sondas para diminuir o desconforto. Não é necessário o uso de analgésicos orais.
Não é necessário a suspensão de medicações de uso contínuo, mas em alguns casos, há necessidade de suspensão das medicações urológicas, para uma avaliação mais fidedigna do funcionamento vesical. Isso deve ser discutido com o médico assistente (médico que pediu o exame).
No dia da realização da urodinâmica, é importante apresentar um exame de urina recente (de até 1 mês). É imprescindível que o paciente não esteja com a mpresença de bactérias na urinocultura no dia do exame.
Caso esteja com infecção, o estudo urodinâmico será suspenso e há indicação de tratamento e nova coleta de urina ou programação de realização do exame já em uso de antibiótico.
A impossibilidade de se realizar o estudo urodinâmico com bactérias na urina é porque a infecção pode alterar o resultado. Além disso, o exame é realizado com injeção de soro fisiológico nas vias urinárias sob baixa pressão, o que pode levar a bactéria para os rins mesmo com a baixa pressão e causar uma infecção grave. É raro, mas não queremos que aconteça com ninguém, não é mesmo?
Como é realizado o estudo urodinâmico?
Há pequenas variações na realização do exame, mas os princípios básicos são iguais e passam pelas seguintes etapas:
• Antes de iniciar o procedimento, será realizado um exame físico com teste de esforço nas mulheres, para identificar e avaliar a perda de urina com ela ainda em pé e de bexiga cheia.
• Será realizada a Urofluxometria inicial, onde será solicitado que a paciente urine em uma cadeira especial, para medir a rapidez com que a sua bexiga se esvazia.
• A paciente será deitada onde será realizado um exame físico mais apurado e serão passadas pequenas sondas que serão colocadas na sua bexiga e no interior do reto com o auxílio de um anestésico local.
• Será avaliado o resíduo pós-miccional (quantidade de urina que ficou dentro da bexiga após o esvaziamento). É normal mantermos a bexiga com um baixo volume, não se preocupe caso isso ocorra. O volume residual depende muito do volume urinado.
• Estas sondas serão ligadas a sensores, que irão medir e registar as pressões de bexiga e abdômen, assim como encher a bexiga de soro fisiológico, simulando a produção de urina pelos rins de uma forma mais rápida e controlada.
• A médica pedirá que a paciente informe todas as suas sensações, desejo miccional, sem que a mesma urine durante a fase da cistometria.
• Serão realizadas manobras de esforço com tosse e valsava avaliando-se a incontinência urinária de forma repetida. O objetivo é avaliar a menor pressão de perda com o menor volume vesical porque de acordo com essa variação, pode-se pensar em linhas de tratamento diferente para a incontinência urinária de esforço.
• O final do exame é quando a paciente está com um desejo miccional grande e no seu dia a dia, esse desejo a levaria para o banheiro urinar. Iniciaremos a fase final do exame, o Estudo Fluxo/Pressão. A paciente deverá esvaziar a bexiga novamente, ainda usando as sondas acopladas aos sensores.
• Quando a paciente termina de urinar, novamente é avaliado o resíduo pós-miccional e as sondas serão retiradas e o estudo urodinâmico estará completo.
O que esperar após realizar o estudo urodinâmico?
O ato de urinar nas primeiras vezes pode ser desconfortável (ardor urinário) durante as primeiras 24h após o exame.
É importante observar se o incômodo pode estar se mantendo ou piorando, o que pode caracterizar uma infecção urinária. Neste caso, entre em contato com a médico que realizou exame.
O resultado do exame fica pronto na mesma hora. Assim que terminamos oexame, a paciente vai se trocar e eu já começo a emitir o laudo.
O exame não é doloroso e não é o bicho de 7 cabeças que muitas pessoas falam. Pode vir tranquila que irei realizar com toda atenção e carinho.