Uma das causas de dor pélvica crônica e desconforto no baixo ventre em mulheres é a Cistite Intersticial (CI) ou síndrome da bexiga dolorosa (SBD).
Um estudo baseado na comunidade feminina americana, relatou uma alta taxa de prevalência de SBD – de 2,7 a 6,5%.
A maioria destas mulheres precisa passar por muitos médicos e exames até que seja levantada a suspeita e o correto diagnóstico de SBD. Esta condição é difícil de ser identificada inicialmente, na maioria dos casos, por não haver nenhum problema anatômico e sua etiologia ainda é desconhecida.
Normalmente, essas pacientes além de se queixarem de dores frequentes, podem se queixar de fadiga excessiva, depressão, desânimo para as atividades do cotidiano, insônia e sonolência diurna, além de enfrentarem sérias dificuldades e desconfortos no trabalho, em viagens e nas relações familiares.
DEFINIÇÃO
Apesar da sua incidência, ainda não há um consenso mundialmente aceito que defina a patologia, a nomenclatura a ser utilizada e uma forma otimizada de tratar as pacientes.
A Sociedade Americana de Urologia (AUA) define a SBD como uma sensação desagradável (dor, pressão, desconforto) percebida como relacionada à bexiga urinária, associada a sintomas do trato urinário baixo, com seis ou mais semanas de duração, na ausência de infecção ou outras causas identificáveis.
CAUSAS
Embora ainda não seja completamente conhecida, muitas teorias propõem:
– Agressão da bexiga por substâncias tóxicas da urina;
– condição autoimune (as células do próprio corpo atacam a bexiga);
– alterações na permeabilidade da parede da bexiga.
DIAGNÓSTICO
Seu diagnóstico é de exclusão e em todos os ‘guidelines’ há a necessidade da queixa de dor, pressão ou desconforto, associado a pelo menos um sintoma do trato urinário baixo.
Também há consenso da necessidade de uma avaliação minuciosa do histórico da paciente, um exame físico detalhado e exames laboratoriais para auxiliar no diagnóstico e, principalmente, excluir outras causas de dor pélvica.
É muito importante lembrar que o diagnóstico da SBD pode ser feito clinicamente e sem a necessidade de investigações invasivas (ex: cistoscopia e estudo urodinâmico). Com o devido diagnóstico, tratamento deve ser iniciado o mais breve possível.
SINTOMAS
– Sensação de dor, pressão ou desconforto no baixo ventre, vagina ou região perineal em 100% dos casos;
– Frequência miccional aumentada em 90% dos casos (urinar mais do que 8 vezes por dia);
– Urgência para urinar em 80% dos casos;
– Precisar acordar durante a noite para urinar (noctúria);
– Urinar com baixo volume;
– Dor ou desconforto durante a relação sexual;
– Maior intensidade dos sintomas durante a menstruação.
Normalmente está relacionada a outras síndromes sistêmicas, como:
– Fibromialgia;
– Síndrome do Cólon Irritável;
– Síndrome da Ansiedade;
– Síndrome da Fadiga Crônica;
– Depressão;
– Síndrome do Pânico;
– Cefaleia Crônica.
O QUE PODE PIORAR?
– Bebida alcoólica;
– alimentos ácidos (laranja, limão, abacaxi etc.);
– café;
– chá preto;
– alimentos condimentados;
– bebidas gasosas;
– relações sexuais;
– estresse.
TRATAMENTOS
O princípio do tratamento da SBD/CI é a melhora da qualidade de vida e fazer com que o paciente entenda sobre a doença e sua cronicidade, assim como alinhar as expectativas do paciente em relação ao tratamento.
O tratamento é feito de forma escalonada e gradual, se iniciando com procedimentos menos invasivos (tratamentos conservadores) e seguindo para terapias mais invasivas.
Cada paciente é única, por isso, somente após uma avaliação clínica minuciosa, podemos indicar a melhor abordagem, porém, em geral, inicia-se com os tratamentos conservadores (mudanças dietéticas e comportamentais, gestão emocional, uso de medicamentos analgésicos e fisioterapia pélvica).
Caso não haja uma resposta adequada, continua-se a investigação e evolui na sequência das linhas de tratamento onde pode-se usar: medicações antidepressivas, canabidiol, medicações intravesicais, intravaginais e em casos selecionados, ainda em protocolo de pesquisa, pode-se usar neuromodulação sacral, aplicação de toxina botulínica intravesical e realização de procedimento cirúrgico para derivação das vias urinárias.
Como citei, são inúmeras opções, mas sempre é necessário individualizar a conduta, conforme a evolução de cada caso.
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