Os cálculos renais, também conhecidos como pedras nos rins, são formações sólidas que se desenvolvem a partir do acúmulo de substâncias presentes na urina. Essas substâncias podem incluir cálcio, oxalato, ácido úrico, fosfato e outros compostos, que, quando em excesso, se cristalizam e se agregam, formando os cálculos.
Dez por cento da população mundial terá cálculos renais e cinquenta por cento das pessoas que já eliminaram um cálculo terão um novo episódio de eliminação em 5 a 10 anos.
Diversos fatores podem contribuir para a formação de cálculos renais, sendo os principais:
1. Dieta: o consumo excessivo de alimentos ricos em oxalato, sódio e proteínas, assim como a baixa ingestão de líquidos, pode aumentar o risco de formação de cálculos.
2. Histórico familiar: indivíduos com histórico de cálculos renais na família têm maior probabilidade de desenvolver a condição.
3. Condições médicas: certas condições de saúde, como hiperparatireoidismo, gota, infecções urinárias recorrentes e distúrbios metabólicos, podem favorecer a formação de cálculos renais.
4. Obesidade: o excesso de peso pode aumentar o risco de cálculos renais devido a alterações no metabolismo e no equilíbrio de substâncias no organismo.
Os cálculos renais podem variar de tamanho, desde pequenas pedras que podem ser eliminadas naturalmente pela urina até pedras maiores que podem exigir tratamento médico para sua remoção.
Cálculos renais menores, com menos de 5 milímetros de diâmetro, têm uma maior chance de serem eliminados pelo rim sem a necessidade de intervenção médica. Essas pedras podem passar pelo trato urinário e ser expelidas durante a micção, muitas vezes sem causar sintomas significativos.
Por outro lado, cálculos renais maiores, com mais de 5 milímetros de diâmetro, têm menos probabilidade de serem eliminados espontaneamente e podem requerer tratamento para sua remoção. A abordagem terapêutica varia de acordo com o tamanho e a localização do cálculo, bem como com a presença de sintomas e complicações associadas.
Para cálculos renais de tamanho intermediário, entre 5 e 10 milímetros, pode ser indicado o uso de medicamentos (terapia expulsiva) para facilitar a eliminação das pedras ou procedimentos cirúrgicos.
Já para cálculos renais maiores, com mais de 10 milímetros, ou para aqueles que causam obstrução do trato urinário, dor intensa, infecções recorrentes ou comprometimento da função renal, é necessária a intervenção cirúrgica.
Para corrigir cirurgicamente os cálculos renais e ureterais, uma das técnicas mais utilizadas é a ureterorrenolitotripsia, que consiste na fragmentação e remoção dos cálculos por meio de um procedimento minimamente invasivo. Existem duas modalidades principais de ureterorrenolitotripsia: a rígida e a flexível, ambas realizadas com o auxílio de um laser.
A ureterorrenolitotripsia rígida é realizada por meio de um ureteroscópio rígido que é introduzido através da uretra até o ureter e, eventualmente, até o rim. O laser é utilizado para fragmentar os cálculos em pedaços menores, que são então removidos com pinças apropriadas ou eliminados naturalmente pela urina.
Já a ureterorrenolitotripsia flexível é realizada com um ureteroscópio flexível, que permite alcançar cálculos em locais mais difíceis de serem acessados. O laser é utilizado da mesma forma para quebrar as pedras, facilitando sua remoção ou eliminação.
Ambos os procedimentos têm como vantagens a rápida recuperação, menor tempo de internação e menores taxas de complicações em comparação com cirurgias abertas. No entanto, é fundamental que a escolha da técnica seja feita pelo médico urologista com base no tamanho e na localização dos cálculos, bem como nas condições clínicas do paciente.
Cabe lembrar que, sempre durante a cirurgia, é inserido o cateter duplo J. Ele tem forma de “J”, se enrolando dentro da bexiga e rins para facilitar a drenagem da urina dos rins para a bexiga e permanece temporariamente no trato urinário para prevenir complicações, facilitar a cicatrização e garantir o fluxo adequado de urina.
A presença do cateter duplo J pode causar desconforto, sensação de urgência urinária, dor lombar e aumento da frequência urinária. No entanto, esses sintomas geralmente melhoram com o tempo e não costumam representar riscos significativos para a saúde.
O tempo de permanência do cateter duplo J varia de acordo com a cirurgia realizada, o tamanho e a localização dos cálculos renais, bem como a resposta individual do paciente à intervenção. Em geral, o cateter é mantido por algumas semanas a alguns meses, até que o urologista considere a remoção segura e a recuperação completa do paciente.
Muito melhor do que tratar é prevenir a formação de cálculos renais e, caso já tenha, fazer o acompanhamento adequado para evitar uma complicação e necessidade de cirurgia de urgência.
Como prevenção, é importante adotar medidas que ajudem a reduzir os fatores de risco, tais como:
1. Manter-se bem hidratado: a ingestão adequada de líquidos, principalmente água e suco natural de frutas cítricas, ajuda a diluir a urina e o citrato compete com o oxalato para evitar a formação de cálculos.
2. Seguir uma dieta equilibrada: evitar o consumo excessivo de alimentos ricos em oxalato, sódio e proteínas, além de incluir alimentos ricos em cálcio, pode ajudar a reduzir o risco de formação de cálculos.
3. Controlar o peso: manter um peso saudável por meio de uma alimentação balanceada e atividade física regular pode contribuir para prevenir a formação de cálculos renais.
4. Realizar exames de rotina: é importante realizar exames de urina e de sangue regularmente para monitorar os níveis de substâncias que podem favorecer a formação de cálculos renais.
Em suma, adotar hábitos saudáveis, como manter-se bem hidratado, seguir uma dieta equilibrada, controlar o peso e realizar exames de rotina, são medidas essenciais para prevenir a formação de cálculos renais e manter a saúde dos rins. Em caso de sintomas como dor intensa nas costas, sangue na urina, náuseas e vômitos, é fundamental buscar orientação médica para um diagnóstico e tratamento adequados.