Os prolapsos dos órgãos pélvicos, também conhecidos como bola na vagina, bexiga arriada e distopia é a descida dos órgãos localizados na pelve feminina pelo canal vaginal. Pode ocorrer a descida do intestino delgado (fino) sendo chamado de enterocele, cólon (intestino grosso) sendo chamado de retocele, da bexiga (a mais comum) sendo chamada de cistocele, do próprio útero sendo chamado de prolapso uterino e da cúpula vaginal após a histerectomia, sendo chamado de prolapso de cúpula vaginal.
Hoje em dia essa nomenclatura mudou e os prolapsos são divididos de acordo com o compartimento vaginal que se apresentam:
– Prolapso vaginal anterior: Bexiga
– Prolapso vaginal posterior: intestino fino e grosso
– Prolapso apical: Útero e cúpula vaginal.
Estima- se, segundo o National Institute of Health (NIH), que 40 % das mulheres entre 60 a 79 anos terão algum distúrbio no assoalho pélvico e esse percentual aumenta para 50% nas mulheres acima dos 80 anos.
Até mesmo nas pacientes consideradas jovens, entre 40 e 59 anos, a incidência chega a 26%.
Os prolapsos ocorrem quando os ligamentos, fáscias e músculos pélvicos, responsáveis pela sustentação, ficam enfraquecidos, ou seja, ficam estirados, sendo incapazes de manterem os órgãos envolvidos na posição correta.
Dessa forma, os órgãos pélvicos podem se deslocar pelo canal vaginal, causando dor, desconforto e sensação de “bola” na vagina e podem gerar um grande impacto na qualidade de vida das mulheres. Costumam dificultar a saída da urina e das fezes, muitas vezes necessitando de redução manual do prolapso (bola) para conseguir realizar a micção e/ou evacuação.
Uma informação muito importante, esta não é uma condição que põe em risco a vida da paciente em 99% dos casos e não está relacionado com nenhum câncer, mas infelizmente em 1% dos casos, essa dificuldade de eliminar o xixi gera uma dilatação do sistema urinário de forma progressiva e ascendente podendo levar à insuficiência renal. Por isso, apesar de ser muito comum, sempre que houver suspeita ou diagnóstico de um prolapso vaginal, há a necessidade de avaliação por uma uroginecologista.
Os principais fatores que podem causar o quadro, são:
– envelhecimento e menopausa
– Número de gestações e o parto vaginal
– Obesidade
– Tosse crônica;
– Constipação intestinal crônica;
– Atividades físicas intensas como levantamento de objetos pesados;
– Condições genéticas;
– Cirurgia pélvica prévia;
– Algumas condições neurológicas ou lesões na medula espinhal.
As mulheres que sofrem de prolapso pélvico costumam sentir sensação de peso sobre a região da vagina ou pelve e estar associado a um ou mais dos seguintes sintomas:
– Sensação de “bola” na vagina;
– Tocar alguma coisa saindo pela vagina durante o banho;
– Urgência urinária;
– Dificuldade para urinar;
– Sensação de esvaziamento incompleto da bexiga;
– Constipação ou outros problemas intestinais;
– Desconforto ou dor durante o ato sexual;
– Sangramento ou corrimento anormais.
Os sintomas variam de acordo com o órgão e estado do prolapso. Quanto mais acentuado, maior o desconforto e mais sintomas.
Algumas pacientes chegam a precisar empurrar o prolapsado de volta, para conseguir urinar, porém, podem perceber que essa pressão reduz naturalmente à medida que se deitam à noite e terem que levantar várias vezes, na madrugada, para urinar.
É possível ter mais de um tipo de prolapso ao mesmo tempo, e normalmente, eles costumam coexistir.
As pacientes com prolapso podem contar com diferentes opções de tratamento, desde a fisioterapia pélvica ao uso de pessários vaginais e a correção cirúrgica. Durante a avaliação, a uroginecologista junto com a paciente escolherão a melhor opção para o quadro em questão.
São muitos fatores envolvidos, por exemplo, deve-se levar em consideração os tipos de prolapso que a paciente apresenta, tratamentos já realizados, expectativas que a paciente tem para o futuro e ainda a vida sexual.
Quando há indicação de cirurgia, os prolapsos podem ser corrigidos por via vaginal ou abdominal, ambos com técnicas minimamente invasivas.
A correção cirúrgica dos prolapsos por via vaginal costuma ser chamada, vulgarmente, de perineoplastia, mas a técnica utilizada vai depender do tipo e localização do prolapso. Na maioria das vezes, utilizamos os próprios tecidos da paciente para reconstrução do canal vaginal. Entretanto, quando há um prolapso uterino grande ou da cúpula da vagina (parte superior da vagina após a retirada do útero), é necessário o uso de dispositivos com materiais não absorvíveis para realizar essa reconstrução da anatomia vaginal de forma minimamente invasiva e com menor chance de recidiva.
Já na correção dos prolapsos por via abdominal, há a necessidade de uso de uma tela de polipropileno para realizar a fixação do útero ou cúpula vaginal ao promontório. Essa cirurgia pode ser realizada por via aberta ou via laparoscópica e, mais recentemente, também por robótica.
A técnica ideal para correção do prolapso depende de muito fatores como: tipo de prolapso, idade da paciente, comorbidades associadas, cirurgias prévias, vida sexualmente ativa, experiência do médico e, principalmente, desejo da paciente.
Na maioria das vezes, realizamos uma plástica de reconstrução do canal vaginal, retornando a anatomia normal da paciente através da união de várias técnicas cirúrgicas diferentes.
O mais importante é saber que apesar de muito comum, os prolapsos vaginais não são normais, trazem bastante desconforto e queda da qualidade de vida e que possuem tratamento. Procure uma uroginecologista.