Tratamento para bexiga hiperativa

A Síndrome da Bexiga Hiperativa (SBH) não significa incontinência, trata-se de uma condição crônica, que tem uma grande influência na qualidade de vida e atrapalha nas atividades diárias e sociais dos pacientes. 
 
A SBH é definida pela ICS (Sociedade Internacional de Continência) como sintomas de urgência urinária associados ao aumento de frequência (urinar mais de 7 vezes durante o dia) e noctúria (precisar acordar para urinar), COM ou SEM incontinência, na ausência de infecção ou outra doença que interfira no trato urinário. 
 
Um adulto saudável pode produzir entre 1000 a 2500 ml de urina por dia. Sendo assim, o comum é esvaziar a bexiga entre 4 e 7 vezes por dia. Já na síndrome da bexiga hiperativa, há a necessidade de urinar por mais vezes, associada à urgência, muitas vezes com um baixo volume de urina, e em algumas pessoas há a escape de urina, antes da chegada ao banheiro (urgeincontinência). O sintoma mais incômodo relatado pelos pacientes é a necessidade de acordar durante a madrugada para urinar (noctúria), o que gera a quebra e a qualidade do sono, impactando nas atividades diárias do dia seguinte.     
 
Afeta pessoas de todas as idades e estima-se que sua prevalência seja de 16,5% na população americana, mas acredita-se que seja subestimada, uma vez que boa parte das pessoas possuem os sintomas, mas não procuram ajuda e muitas vezes os próprios médicos não fazem o diagnóstico correto. 
 
Sua incidência aumenta com a idade, podendo chegar a 35% após os 70 anos, e sua prevalência é igual em homens e mulheres, sendo mais comum a síndrome da bexiga hiperativa úmida nas mulheres.
 
CAUSAS  
A SBH é um distúrbio de armazenamento. Sua etiologia ainda não está bem definida e está em estudo. Existem 4 teorias, todas relacionadas à contração involuntária da bexiga (Hiperatividade detrusora). 

1.     Teoria neurogênica 
2.     Teoria miogênica 
3.     Teoria da bexiga autônoma 
4.     Teoria da sinalização aferente 
 
Em resumo, sua causa está relacionada à falha na comunicação entre a bexiga e o cérebro (via sensorial), gerando a sensação de que a bexiga precisa ser esvaziada, mesmo sem estar cheia. 
 
COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO?  
Não havendo sinais no exame físico que sugiram A SBH, logo, uma boa história clínica é necessária, assim como a exclusão de outras doenças e drogas que possam alterar a micção, tais como: 
– Infecção urinária de repetição; 
– DM descompensada; 
– AVE (derrame); 
– Hérnia de disco com compressão medular ou lesões da medula; 
– Doenças neurológicas como Doença de Parkinson, esclerose múltipla e demência senil; 
– Doenças psiquiátricas; 
– Cirurgias pélvicas que alteram a inervação vesical; 
– História obstétrica e suas vias de parto; 
– Medicações de uso regular que podem diminuir a resistência uretral, produzir urina em excesso ou atrapalhar o esvaziamento vesical completo, como por exemplo: neurolépticos, benzodiazepínicos, Bloqueadores alfa adrenérgicos, beta bloqueadores, anti parkinsonianas, IECA, reposição de lítio e analgésicos que causam constipação); 
– Radioterapia para tratamento de câncer de órgãos pélvicos. 
 
O diário miccional é uma forma prática e simples de quantificar e qualificar a micção e ajuda a mensurar a melhora com o tratamento. 
 
Exames laboratoriais e de imagem auxiliam na exclusão de outras patologias como descritas anteriormente. 
 
O estudo urodinâmico não é indicado numa fase inicial, mas apenas quando há falha do tratamento ou há suspeita de alterações neurológicas associadas (nesse caso, se torna imprescindível).  
 
O QUE PODE DESENCADEAR E PIORAR OS SINTOMAS? 
A ingestão excessiva de líquidos e alimentos ricos em água, provocam a acumulação de grandes quantidades de urina (poliúria), dando origem a sensações de urgência e a frequentes idas ao banheiro. 
 
A constipação intestinal pode causar a sensação de urgência miccional por distensão da pelve e atrapalhando o funcionamento vesical. 
 
Bebidas e alimentos ricos em cafeína, gaseificados, ácidos e com álcool por irritarem a mucosa vesical. 
 
TRATAMENTOS: 
Algumas medidas simples de mudanças comportamentais podem ser adotadas, visando melhorar a resposta ao tratamento em longo prazo, como: 

 
–  Diminuir/ evitar alimentos e bebidas que irritam a bexiga e aumentam a quantidade de urina (cafeína, chás, bebidas alcoólicas, refrigerantes, chocolate e alimentos apimentados); 
– Restrição de líquidos em horários programados (30 minutos antes de sair e 2 horas antes de dormir); 
– Micções programadas com intervalos regulares apesar do desejo miccional (gera um aumento da capacidade vesical); 
– Perder peso; 
– Parar de fumar; 
– Tratamento da constipação intestinal; 
-Fisioterapia do assoalho pélvico: exercícios específicos e indicados por um fisioterapeuta, trabalhando a força e a coordenação dos músculos da região. A contração muscular do assoalho pélvico é usada para obstruir a uretra e evitar a perda de urina, assim como a eletroestimulação e o biofeedback. 
-Medicamentos: para controlar e relaxar o músculo da bexiga, ajudando a aliviar os sintomas, reduzindo os episódios de urgência e a urgeincontinência. (Podem causar efeitos colaterais, por isso não são indicados a longo prazo). 
-Toxina botulínica: usada em casos mais complexos ou que não tiveram boa resposta ao tratamento conservador – a substância ajuda a bloquear a contração do músculo, já que altera o funcionamento das terminações nervosas da região. Costuma ser bastante eficaz, principalmente para controlar as perdas urinárias, mas seu efeito dura em média oito meses. 
– Estimulação do nervo tibial posterior que faz uma neuromodulação da inervação da bexiga de forma periférica; 
-Neuromodulação sacral: indicada em pessoas que possuem bexiga hiperativa e incontinência urinária grave e sem resposta aos tratamentos prévios, agindo como um tipo de marca-passo na bexiga visando regular a comunicação com o cérebro. 
 
É essencial que os pacientes e suas famílias entendam que a Síndrome da Bexiga Hiperativa é uma doença crônica, de fisiopatologia ainda não bem entendida e que não há cura para ela. O objetivo do tratamento é a melhora dos sintomas assim como da qualidade de vida do paciente. Vão existir períodos de melhora e de piora, e que para uma melhora duradoura a longo prazo, as medidas comportamentais são de extrema importância. 

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